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O Potencial Inexplorado das PANCs: Uma Revolução Silenciosa na Saúde e na Ciência

Saúde, sabor e biodiversidade: a revolução nutricional que brota em nossos quintais.

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Em um mundo que busca cada vez mais uma alimentação saudável e sustentável, um universo de possibilidades brota, literalmente, em nossos quintais, terrenos baldios e matas. São as Plantas Alimentícias Não Convencionais, ou PANCs, um tesouro nutricional e de biodiversidade que a ciência tem se dedicado a desvendar e a trazer para o nosso prato.

O que são as PANCs?

O termo, cunhado pelo biólogo e pesquisador Valdely Ferreira Kinupp, refere-se a todas as plantas com potencial alimentício que não são consumidas em larga escala ou são utilizadas apenas em regiões específicas. Essa definição abrange desde espécies selvagens que crescem espontaneamente até partes de plantas convencionais que normalmente descartamos, como as folhas da batata-doce ou a flor da bananeira. O que é considerado PANC em um lugar, pode ser um alimento comum em outro, revelando a riqueza e a diversidade cultural e biológica do nosso planeta.

Benefícios que vão além do prato

Do ponto de vista nutricional, as PANCs são verdadeiras potências. Muitas delas, por crescerem de forma selvagem e adaptadas aos seus ecossistemas, concentram um alto teor de vitaminas, minerais, fibras e compostos bioativos, superando em muitos casos os alimentos que consumimos diariamente. O amaranto, por exemplo, muitas vezes tratado como erva daninha, é um grão com qualidades nutricionais excepcionais.

Além dos benefícios diretos para a saúde, o consumo de PANCs promove a sustentabilidade. Por serem plantas rústicas e resistentes, muitas vezes não necessitam de agrotóxicos ou fertilizantes químicos em seu cultivo, o que resulta em um alimento mais limpo e saudável para o consumidor e para o meio ambiente.

A Ciência por trás das PANCs

O crescente interesse pelas PANCs não é por acaso. Ele é fruto de anos de pesquisa e dedicação de cientistas que se empenharam em identificar, catalogar e analisar o potencial dessas plantas. A tese de doutorado de Valdely Kinupp, em 2007, foi um marco acadêmico que deu grande visibilidade ao tema.

Em parceria com o engenheiro agrônomo Harri Lorenzi, Kinupp viajou pelo Brasil por uma década. O resultado dessa extensa pesquisa foi a publicação, em 2014, do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) no Brasil”, uma obra de referência que identifica 351 espécies, com informações nutricionais e sugestões de preparo. Essa pesquisa foi fundamental para dar nome e visibilidade a plantas antes desprezadas. Além disso, iniciativas governamentais, como o “Manual de hortaliças não-convencionais” do Ministério da Agricultura, também contribuem para a disseminação do conhecimento sobre essas plantas.

PANCs que você conhece

Pode parecer estranho falar de plantas com um grande potencial e que as pessoas não tem conhecimento, mas na verdade grande parte das PANCs estão no cotidiano da sociedade e principalmente na cultura ancestral passada por gerações. Um desses exemplos é a Ora-pro-nóbis, essa plantinha usada como cerca viva é muito comum no Centro-Sul do Brasil e também conta como uma grande fonte de fibras, proteínas e vitaminas, podendo ser consumida em saladas, refolgados e até sucos.

Fonte: Oficina de Ervas

Outro exemplo são as Beldroegas muito confundidas com “matos”, pode não parecer mas essas plantas são uma rica fonte de ômega-3 recomendada para problemas cardiovasculares, elas também apresentam propriedades diuréticas, analgésicas e anti-glicêmicas, o que torna ela muito conhecida por seu poder de cura.

Fonte: Blog Pantei

Cuidado e atenção

Por mais benéficas as PANCs sejam é recomendado ter uma atenção redobrada na hora de escolher uma planta como essa para utilizar como alimentação, isso porque sendo elas não convencionais é comum confundirem plantas comestíveis com outras que não se encaixam no grupo. Então antes de fazer qualquer receita com uma delas, procure sobre e tenha certeza de seus benefícios para extrair o máximo de nutrientes.

Expandindo o cardápio e a consciência

Incluir as PANCs na alimentação é mais do que diversificar o cardápio. É um ato de resgate cultural, de valorização da biodiversidade e de promoção da saúde. É reconectar-se com a natureza e entender o alimento em sua forma mais pura e original. A ciência tem nos mostrado o caminho, cabe a nós explorarmos esse universo de sabores e benefícios que a natureza nos oferece.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Você sabe o que são PANCs? Descubra as plantinhas que também são alimentos e você não sabia. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 28 abr. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2022/voce-sabe-o-que-sao-pancs-descubra-as-plantinhas-que-tambem-sao-alimentos-e-voce-nao-sabia. Acesso em: 23 ago. 2025.

O QUE são as Pancs: plantas alimentícias não-convencionais. Superinteressante, 12 jun. 2020. Disponível em: https://super.abril.com.br/especiais/o-que-sao-as-pancs-plantas-alimenticias-nao-convencionais/. Acesso em: 23 ago. 2025.

PLANTAS alimentícias não convencionais. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2024. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Plantas_aliment%C3%ADcias_n%C3%A3o_convencionais. Acesso em: 23 ago. 2025.